Uma blockchain é, muito resumidamente, o registo online de transações. Esse registo pode ser de transações de:
- Dinheiro / pagamentos
- Movimento de bens / mercadorias
- Partilha de informação
Mas, entretanto, vamos procurar explicar melhor esta ideia detalhadamente e a razão de ter tanto potencial.
O que é a Blockchain?
Partindo da definição acima, uma blockchain é um conjunto crescente de registos agrupados em “blocos” e estão interligados com assinaturas digitais com a ajuda de criptografia. Então, já sabemos que é uma maneira de manter os registos organizados, mas podem ser construídas várias ideias inteligentes a partir deste simples fundamento. A primeira ideia é a de como a blockchain mantém os registos. Normalmente, a maioria das pessoas refere-se a isso como um banco de dados distribuído – DLT (do inglês, distributed ledger system). Num DLT, o registo de cada transação ocorre em vários sítios ao mesmo tempo. Consequentemente, sempre que alguma coisa se altera na blockchain, todos os computadores na rede são notificados sobre as alterações e têm de concordar com elas. Isso torna os registos da blockchain muito difíceis de hackear ou alterar, pois exige que alguém altere todos os registos dos vários sítios ao mesmo tempo.
Blockchain é um conjunto crescente de registos, agrupados em “blocos” interligados com recurso à criptografia.
Porquê o entusiasmo todo com a blockchain?
Há vários fatores críticos que tornam a blockchain muito interessante. É descentralizada. A internet hoje é basicamente centralizada. Ou seja, a grande maioria dos serviços e sites que visitamos, armazenam e mantém os nossos dados num banco de dados. Sim, praticamente tudo o que quisermos, desde o nosso banco, a Netflix, o Facebook e, sobretudo, a Google. Todas estas entidades operam um sistema centralizado. A blockchain, por outro lado, é um sistema descentralizado. Isso significa que os dados residem na rede, em vez de residerem num só lugar.
Por que é que isso é uma coisa boa?
No sistema centralizado atual há uma série de desafios:
- Segurança – Se os bancos de dados centralizados forem invadidos, podem expôr todos os dados dos utilizadores de uma só vez. Vemos isso acontecer cada vez mais com todo o tipo de empresas.
- Custos – Construir sistemas centralizados costuma ser mais caro, porque uma empresa precisa de criar toda a capacidade digital para fazer o sistema funcionar sem problemas.
- Dados pessoais – Nos sistemas centralizados, os nossos dados não são nossos e, geralmente, também são monetizados pelas redes que usamos.
- Transparência – A forma como a informação é usada, por quem e para quê ainda é um bastante confusa. Por isso, a descentralização da internet centralizada pode mudar isso!
Ainda não existia nada assim?
Na verdade, existem alguns sistemas descentralizados na internet. Limewire e Napster? Dois nomes familiares? Estes serviços são dois exemplos de sistemas descentralizados. Contudo, existem falhas: estes serviços não eram muito bons na prevenção de cópias duplas de arquivos digitais. Isso é aquilo que se chama de problema de gasto duplo. O mal disso é não evitarem o duplo gasto de dinheiro ou ativos em duas coisas diferentes. Os bancos resolvem este problema com a verificação do banco de dados. Ao serem centralizados conseguem identificar se um ativo foi gasto ou usado mais do que uma vez. Contudo, a blockchain resolve esse problema sem a necessidade duma instituição financeira ou outra entidade centralizada.
Quem inventou a blockchain?
Pois, essa é uma boa pergunta. A ideia da blockchain já teria sido discutida entre criptógrafos e programadores desde o início dos anos 90. Contudo, foi só depois de Satoshi Nakamoto aparecer que se criou uma blockchain da forma como a entendemos hoje. A Bitcoin é, por isso, o primeiro exemplo de um sistema baseado na blockchain.
Blockchain é o registo de transações online com criptografia. Está no ADN das moedas como a Bitcoin e pode-se usar para realizar transações financeiras, movimentação de bens ou partilha de informação.
Que outras razões há para ser tão especial?
- É um sistema peer-to-peer. Hoje, quando compramos bens online, há uma série de agentes ou entidades em quem precisamos de confiar. Seja o vendedor, o sistema de pagamentos, um banco e até mesmo o site. Em contrapartida, usando uma blockchain não necessita de haver tanta confiança, o que permite que qualquer pessoa troque bens ou serviços sem terceiros.
- Não há mais intermediários. Muitas das redes atuais estão sob o controlo de intermediários ou agências que geralmente cobram taxas no fluxo de informação. Numa blockchain, não existe tal controlo e, dessa forma, facilita custos mais baixos e transações mais rápidas.
- Transparência. Numa blockchain pública como a Bitcoin (existem blockchains privadas) qualquer pessoa pode ver as transações, tornando mais fácil o rastreio do fluxo de informação.
- Ninguém está nos comandos. Uma blockchain é um sistema descentralizado, ou seja, nenhuma pessoa ou grupo pode controlar a rede, o que significa que o protocolo só pode mudar por consenso.
No que se pode usar a blockchain?
- Energia – Troca de energia de pessoa para pessoa. Potencialmente sem fronteiras.
- Cadeias de fornecimento – Controlo e rastreio de todo o tipo de produtos com total transparência. Portanto, interligando registos à medida que os produtos passam por indivíduos diferentes.
- Mercados de dados livres – Criar plataformas de código aberto para partilha de dados com privacidade porque, hoje em dia, os dados são frequentemente o valor mais importante das empresas na internet.
- Governos – A tecnologia blockchain pode ser usada para aumentar a velocidade e visibilidade dos serviços no setor público.
- Auditoria e regulamentação – Embora não seja tipicamente implementado, pode-se configurar a blockchain para funcionar como um espelho das transações públicas, tornando as funções regulatórias significativamente mais simples e fáceis.
- Seguros – Tornar os seguros e contratos mais transparentes com condições de pagamento definidas.
- Internet das Coisas – Por fim, a blockchain pode melhorar a conetividade de dispositivos inteligentes à internet e economia livre.
O futuro
A blockchain começou com a Bitcoin, mas não há limites para onde a tecnologia possa chegar no futuro. Outros projetos como Ethereum e Ripple também utilizaram os princípios da blockchain e encaminharam a blockchain noutras direções. Mas parece que isto é apenas o começo!